BRASIL



De repente do riso fez-se o choro
Da vibração vem a angústia.
Já não vemos nada como antes
De repente, voltam os medos verdadeiros
Sobe o pano do pantomimeiro
O céu é treva
O concreto pede por lágrimas
A vida segue.
Fica na garganta o gosto amargo do desgosto
A tristeza
O terror.

Campo minado Ideológico



Eu posso escrever sobre um monte de coisa. E podem classificar de asneiras o meu ponto. Desde que justifiquem o porquê.
            O ponto é que chegamos ao extremo. Ou a pessoa não tem uma ideologia, não pensa nisso de maneira alguma, afinal ” de que adianta, o mundo está feito e é nele que eu vivo”. Ou quem as tem as agarra como uma tábua de salvação.
            Ponderar que não há branco, nem preto, que não há sim ou não sem interpretação passa longe da maioria das mentes. Uns falam a favor e outros contra o feminismo. A esquerda e a direita se batem, se confundem.
            Tudo é possível nesse mundo, mas ninguém quer que o seja. As disputas são violentas. Uma mulher não pode ser nem pudica, nem puta, uma mulher não pode ser mãe, uma mulher tem de ser mãe. Uma mulher não pode protestar na rua pelada, uma mulher não pode paquerar, e há homens que esperarão por suas investidas. Um homem deve sustentar sua casa, deve se cuidar, ser másculo, ou sensível, ou bruto, ou inteligente. Um gay não pode dar pinta, não pode ser reservado, tem de ser meigo, e amigos das mulheres. Ou você é a favor do PT, ou contra o PT. Ou é contra o PSDB ou não é. Cristãos são do bem, cristãos são do mal. Não existe em nenhumas dessas afirmações o mínimo de bom senso. Situações, condições, conjecturas políticas, sociais e a liberdade pessoal passam longe de cada análise apaixonada que tenho lido.
            Apaixonados pelos rótulos e marcas, por heróis e vilões, de tal modo estamos que, analisar as relações com suas nuances, estudar os fatos e principalmente, fugir do óbvio engano de encontrar um culpado é tudo aquilo que não temos praticado.
            Quando pensaremos: EU SOU CULPADO? Anuo com tudo isso, não sei discutir de maneira educada com aquele que tem uma opinião contrária!?
Só assim podemos vasculhar, dialogar, conciliar. Parece muito mais fácil nos vestirmos de uma pseudointelectualidade e fazermos apologia à violência, ao estupro, à castração, do que, estabelecermos relações pautadas no respeito mútuo.
            Professores e alunos não têm uma relação sadia, pais e filhos não tem relação sadia, casais não tem relação sadia. E por que? Por que é mais fácil culpar o governo pela falta de palmada (que aliás nem é o objetivo da Lei Menino Bernardo), do que se apoderar da sua missão de educar, da sua responsabilidade de educar, das suas limitações, direitos e deveres ao educar. Estamos apaixonados por nós o tempo todo. O problema é do outro. Somos perfeitos e temos o direito a uma felicidade individual e sem limite que não permite essa chateação de pensar no outro.
            Refletir sobre as relações que temos, sobre o trabalho extenuante que é construir um relacionamento, seja ele profissional, intelectual, amoroso é um primeiro passo. Não podemos sair por aí dando poder a todos e a ninguém de governar a nossa vida, de transformar o nosso entorno. A nós primeiro devemos olhar, analisar, julgar, mudar. E essa mudança uma hora, sem pressa ou pressão carrega o outro: colega, o amigo, o vizinho, o político.
            Peço a mim mesma essa capacidade de ponderar. De não decidir o mundo dividido e catalogado, seco, duro, apartado do que é natural, vivo, mutante e coexistente. Quero ler, ouvir opiniões contrárias as minhas com respeito. Quero expor os meus argumentos com respeito. Quero expor minhas lutas, minhas bandeiras, sim todos tem direito a uma ideologia. Mas tem direito e dever de defendê-la sem ferir, sem matar, sem amordaçar.

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